Se um dia ela bater à porta

Se um dia a morte me bater à porta, eu vou dizer: “Pois não?” e deixá-la entrar, como visita importante que não esperava receber sem um aviso, logo hoje, a casa nunca está pronta, desculpe a bagunça, pode entrar, enquanto, apressada, vou ajeitando as almofadas do sofá e passando as mãos pelo cabelo.  Se um… Continue reading Se um dia ela bater à porta

Carta a uma jovem designer — um apelo à sinestesia

«Pergunta-me uma jovem imaginária o que é preciso para se ser designer (diz-me a estatística que será uma designer, mais provavelmente do que um designer). Respondo-lhe: gostar de arte e de engenharia. E também de agricultura, matemática e geofísica. E cinema, e dança, e literatura.Algumas das melhores aulas de design que tive não foram exatamente… Continue reading Carta a uma jovem designer — um apelo à sinestesia

Pombos e maritacas

«No dia 31 de Janeiro de 2014, foram avistadas cinco maritacas na Avenida António Augusto Aguiar. O que faziam ali cinco aves tropicais, soltas em pleno inverno lisboeta? Estes pássaros grandes, coloridos, barulhentos, misturados entre os pombos quietos e cinzentos, passaram despercebidos a praticamente toda a gente que estava à sua volta. Eu reparei. E… Continue reading Pombos e maritacas

Araras e pardais

Um ensaio sobre óptica subjetiva «Um pardal é uma ave extraordinária. As suas plumas cor de madeira de carvalho, com matizes de castanheiro, cedro, mogno e cerejeira cobrindo o peito suavemente arredondado, o seu bico triangular, de uma proporção perfeita, com as arestas curvadas em gentil elegância, os pequenos olhos cheios de brilho, vivacidade e… Continue reading Araras e pardais

Writing for Real

Um ensaio sobre superfícies de inscrição e instâncias de legitimação «’Stop writing on walls’, pode ler-se na parede de uma casa de banho feminina de uma Faculdade de Letras portuguesa. A frase remata: ‘start writing for real’. O apelo parece razoável, mas levanta mais perguntas do que aparenta. Nomeadamente: o que significa writing for real?… Continue reading Writing for Real

Húmus

Húmus, murmúrio mudo,pedregulhos húmidos de bafio e brilho,espectros sombrios de que foge o estio,buxos puídos, denegridos sepulcros…Como pode algo tão lúgubreser tão luminoso?Com uma penada ilumino,com outra, ludibrio. (sobre Húmus, de Raul Brandão)