RESUMO: Ao designer cabe escolher a forma do livro. Para bem escolher a sua forma, é imperativo que o designer conheça o texto, porque só assim lhe poderá dar um corpo e uma cara, seja através do desenho da sua capa (aquilo que será a primeira imagem do livro), da escolha das suas dimensões e materiais (que constituem a estrutura material do livro) ou da forma com que o seu texto aparece ao leitor (através do uso da tipografia). A forma visual e material que o livro adquire sob a sua batuta é reflexo da sua própria interpretação, que é dessa forma transmitida ao novo leitor — é, nesse sentido, uma leitura criativa: que cria um novo objeto. Ao olhar para um texto, quando se prepara para lhe dar uma forma que seja publicável, o designer procura certas deixas que lhe permitam interpretar o texto de uma maneira muito específica, procurando algumas características na sua forma verbal que possam ser transpostas para a sua forma visual. Para o conseguir, ele apoia-se na sua própria leitura, um tipo de leitura especializada que é aqui descrita e explorada.
Publicado na revista Entreler nº 2, maio de 2022. Continua em https://www.pnl2027.gov.pt/np4/entreler/entreler2_design.html.